A vida da atriz Narjara Turetta, 57, está prestes a ser contada em sua autobiografia contando os altos e baixos de sua carreira que nem sempre foi de alegria.
Narjara, que completa 58 anos no próximo dia 19 de novembro, está nos últimos detalhes do lançamento do livro “A Reinvenção – Altos e baixos da minha vida”, pela editora Rubi Editorial. O evento acontece no dia 10 de dezembro numa livraria em Botafogo, Rio de janeiro.
A atriz começou a carreira aos 5 anos de idade fazendo monólogos no programa “A Grande Gincana”, da Record TV. Em 1976, protagonizou a novela “Papai Coração” na TV Tupi, ao lado de Paulo Goulart e Nicete Bruno. Mas foi no seriado “Malu Mulher”, 1979 e 1980, na Globo, que ela se consolidou como atriz ao lado de Regina Duarte. Na década de 1980 praticamente emplacava personagens quase anualmente.
Em um bate-papo por telefone com este colunista, Narjara fala da expectativa para o lançamento.
“Acho que todos nós temos que nos reinventar em algum momento da vida. É motivador”, disse.
A obra conta com vários depoimentos de artistas de peso como Gloria Pires e Regina Duarte.
“Eu queria até ter tido mais [depoimentos], mas às vezes você pede, mas as pessoas estão ocupadas, não podem, enfim. Esses que aceitaram eu fiquei muito feliz porque são pessoas muito queridas da minha vida”, contou.
A artista contou que irá relatar momentos que nunca foram contados e que faz parte de sua história.
“São histórias que poucas ou quase ninguém sabe, algumas pessoas que privam da minha amizade sabem, outras histórias nem elas sabem e aí eu resolvi abrir, resolvi contar e seja o que Deus quiser”, disse a atriz sem dar spoiler.
Vendedora de água de coco
A atriz passou por dificuldades financeiras onde se viu obrigada a encarar outras formas de trabalho para se sustentar. Ela vendeu, ao lado da mãe, Maria Antônia, que morreu em 2018, água de coco durante alguns anos para sobreviver. Entretanto, superou as dificuldades e voltou a atuar. Ela fez novelas, participações, peças teatrais e dublagem. É mesmo uma carreira para ser contada e admirada. Narjara abordou esse momento de sua vida nas páginas do livro.
“Claro, é uma fase da minha vida que permeia esses altos e baixos”.
“Hoje em dia eu tenho uma visão muito diferente, talvez eu fizesse [se fosse hoje] algumas coisas diferentes porque eu escolhi caminhos errados” (Narjara Turetta)
Família
Narjara perdeu o pai, Eduardo Turetta, que atuava como dentista, quando tinha dez anos de idade. Desde então, sua mãe, Maria Antônia a acompanhava nos compromissos profissionais. Com a morte da mãe, a atriz, que mora sozinha em Copacabana, Rio de Janeiro, fala como tem lidado com a ausência da mãe que a acompanhou por muitos anos.
“Eu quis dedicar o livro ao meu pai e minha mãe. Eles compraram uma ideia louca de uma criança de três anos que queria ser artista. Eu tive muito privilégio, não nasci rica, mas nasci rica de felicidade, de amor, de tudo por mim. Se não fossem meus pais, eu não teria chegado aonde cheguei, talvez demorasse muito mais [..] e sem a mamãe é complicado, tudo bem, ela viveu 82 anos, eu dei o melhor que eu pude para ela, a gente estreitou nosso relacionamento. Eu acho que a gente era muito parecida, por isso mesmo a gente batia muito de frente, mas eu me vejo muito parecida com ela. Ela me faz muita falta, claro, mas a gente não pode querer que o outro seja eterno, infelizmente não é, mas obvio que muitas das vezes eu fico pensando: ‘que bom seria se os dois tivessem ficado velhinhos e eu pudesse tê-los ao meu lado, mas a vida não é como a gente quer”, explicou.
“Eu tive muito privilégio, não nasci rica, mas nasci rica de felicidade, de amor, de tudo por mim. Se não fosse meus pais, eu não teria chegado aonde cheguei” (Narjara Turetta)
Arrependimento
De todas as coisas que fez profissionalmente, Narjara diz que algumas coisas poderia ter feito diferente.
“A minha trajetória é uma trajetória muito limpa, muito bacana, a custas de muito esforço […]. Hoje em dia eu tenho uma visão muito diferente, talvez eu fizesse [se fosse hoje] algumas coisas diferentes porque eu escolhi caminhos errados. No que eu escolhi caminhos errados? De não ouvir a minha mãe de que se eu não me valorizasse, as outras pessoas não me valorizariam. Por que estou falando isso? Pelos baixos salários que eu tive e a culpa era minha. […]. Essas escolhas, principalmente no momento que assinei o contrato para ‘Malu Mulher’, em que eu implorei para minha mãe aceitar o salário que estavam me oferecendo, isso fez com que eu não tivesse muitos ganhos ao longo da minha carreira. Hoje em dia eu aprendi a me valorizar, apesar de eu não ter um empresário, eu já sei me valorizar […] se você souber tirar uma coisa positiva das suas escolhas erradas e saber quais são as escolhas certas, aí a vida fica mais fácil. Então posso dizer que hoje estou mais tranquila nesse sentido. Aprendi com meus erros e com as minhas escolhas erradas”, finalizou.
OUÇA A ENTREVISTA COMPLETA NO VÍDEO ABAIXO:
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