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‘O maior problema da vítima de violência doméstica é a vergonha de falar’, diz Luiza Brunet

Em entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Bulques, ex-modelo e ativista conta sua luta no combate à violência contra a mulher.

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Luiza Brunet é ativista na luta contra a violência doméstica.

Uma mulher linda, bem-sucedida, glamourosa, chique, famosa, talentosa. Essas e outras  características definem uma pessoa que foi uma referência da moda nos anos 1980 e 1990. Aos 60 anos, Luiza Brunet está mais jovem que nunca. A estrela passou por São José dos Campos e conversou com o Conexão Entrevista sobre uma de suas atividades hoje, o ativismo no combate à violência doméstica.

O interesse pelo assunto aconteceu após a empresária e ex-modelo sofrer violência do então companheiro, o empresário Lírio Parisotto, em 2016, durante uma viagem aos Estados Unidos. Ela foi brutalmente agredida.

Nesta nossa conversa, Luiza explicou sobre as questões que levam uma mulher que passa pela violência doméstica a não denunciar e o quanto é importante a denúncia.

“Quando você é vítima da violência você consegue compreender, de fato, essa violação tão profunda que é a violência doméstica, que é uma violência considerada a mais democrática do mundo. Ela não acontece só no Brasil […] o planeta passa por esse problema estrutural, perigoso e a gente precisa fazer algo. Acho que a sociedade civil pode contribuir bastante, que é o meu caso, como vítima, como sociedade civil, como mulher, como mãe de menino, como mãe de menina, para levar uma conscientização maior para as mulheres e dizer a elas que a violência doméstica não restringe a mulher a isso”, disse Brunet.

Luiza Brunet em entrevista ao jornalista Marcos Bulques.

Violência de todas as formas

Luiza ressaltou as diversas formas de violência e chamou a atenção da sociedade para um olhar mais humano ao próximo, entendendo a dor do outro e não fechando os olhos diante de uma agressão.

“Ela [a mulher] precisa entender esse lugar que ela está de violência doméstica, entender a violação que ela sofre, seja no trabalho, seja a violência obstétrica [quando a mulher dá à luz a um filho], as mulheres idosas, que sofrem estupros. São várias violações que precisamos ter essa conscientização. Acredito que a sociedade civil tem que fazer parte dessa construção de mudança quando ela percebe alguém em sofrimento, de fazer denúncia, de se pronunciar”, explica.

Recentemente, a atriz Ísis de Oliveira foi destaque na imprensa, após caso de agressão sofrida pelo companheiro. Na ocasião, Ísis pediu ajuda para a amiga Luiza.

“Ela me relatou que estava sofrendo violência doméstica. Eu falei que ela tinha que tomar cuidado com esse episódio, prestar atenção, porque é crescente. A violência doméstica começa verbalmente, moralmente, depois psicológica, emocional, patrimonial, sexual e o último estágio é o feminicídio. Ela já vinha sofrendo violência física pesada. Eu falei para ela: ‘o momento que você tiver preparada para pedir ajuda, me manda um SOS que eu te ajudo’, e foi o que aconteceu. Ela me mandou. Foi um momento que ela pegou o telefone muito rápido e, logo em seguida, a Polícia Militar chegou porque eu acabei ligando 190, mas pode ser 180 também. E as denúncias anônimas podem ser feitas sem você se envolver. Porque o maior problema da vítima de violência doméstica é a vergonha de falar, de botar sua história para fora, de fazer a denúncia, e as pessoas que assistem tem vergonha de se colorarem também. Então a gente pode fazer denúncia anônima e salvar a vida de uma mulher”, concluiu.

O fato é que Luiza Brunet está engajada nesse assunto e levando a conscientização para onde pode. Com sua história de vida,  consegue entender o que uma vítima de violência doméstica passa e, assim, encorajá-la a denunciar.

Veja a entrevista completa: 

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