O cantor Fernando Badauí, 49, vocalista do CPM 22, celebra junto com a banda os 30 anos de carreira, iniciado em 1995. Ele conversou com este colunista sobre essas três décadas, após o show que fez em Caçapava (SP) em comemoração ao aniversário da cidade.
“O tempo passa né? A gente não percebe porque a banda nunca parou, então nos primeiros quatro anos era uma coisa que era comecinho, mas a partir de 2001 para frente a gente não viu o tempo passar, porque são muitas coisas, uma trajetória que não para, uma rotina todo final de semana, mas a gente olha para trás e vê que valeu a pena, que a gente construiu uma carreira muito sólida, com as escolhas certas”, disse.
Sobre as histórias inesquecíveis, Badauí contou algo que ficou marcado para ele.
“Teve gente já que se escondeu no camarim para tirar foto durante cinco, seis horas, sei lá. No começo a gente era mais jovem, tinha essa coisa de revista [quando os artistas eram capas de revistas] realmente tinham essas loucuras que não tem hoje mais, mas faz parte”, revelou.
Rock
O cantor falou sobre o momento atual do rock no Brasil.
“Não acho que perdeu [espaço], o rock sempre foi um estilo de música no Brasil que viveu às margens, mesmo com alguns momentos de mais evidência, principalmente nos anos 1980 e 1990, e da nossa geração até 2005. O público do rock está sempre nos shows. Não é só o CPM 22 que está numa fase boa, você vê a nossa geração, bandas mais novas como a Forfun, Fresno, com seu público muito bem definido, lotando shows por onde passam […] agenda lotada, com shows cheios, e a gente se adapta também, a gente toca em vários tipos de lugares, lugares pequenos, lugares grandes, festivais. O estilo do rock é um estilo mais barato, a galera pode contratar, que vai ter a troca do público, que é um público de verdade, quem for ao show vai retribuir porque acompanha as bandas, o artista”, explicou.
Em relação aos outros gêneros musicais, como o sertanejo, por exemplo, que virou uma indústria milionária, Badauí disse que tem público para todos.
“Não dá pra competir, cada um tem que saber qual é o seu lugar. Sertanejo, funk, pagode, axé, isso é do DNA brasileiro e está tudo certo. É que o CPM transcendeu uma linha que ficava mais no underground, uma coisa mais alternativa e pode tocar hoje para um público variado e algumas bandas de rock fizeram isso e fazem isso no Brasil, mas realmente acho que a grande mídia tem que olhar para uma cena que está ali como uma coisa muito concreta e muito sólida de ideologia, de pensamento sobre de como vê o país, de como vê o mundo que é muito interessante e acho que deve ser olhado com o botão holofote com mais intensidade”, disse o cantor.
“Não dá pra competir, cada um tem que saber qual é o seu lugar. Sertanejo, funk, pagode, axé, isso é do DNA brasileiro e está tudo certo” (Fernando Badauí)
Haters
No mundo da internet, os haters estão presentes sempre para dar opiniões contrárias e despejar o ódio quando algo não agrada.
Para Badauí, o ódio, principalmente nas redes sociais, vai muito além de apenas um desagrado.
“O problema não é nós (sic), o problema é (sic) das próprias pessoas que espalham o ódio gratuito pelas próprias frustrações, talvez pelas condições que o país dá pra muita gente, enfim, é um ódio banalizado, mas compreensível de certa forma, tem muita gente frustrada no país e no mundo”, finalizou.
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